Inicio esse tópico de reflexões falando a respeito da avaliação na Osteopatia.

Esse post tem relação com o artigo que postei a respeito de exames de imagem em pessoas assintomáticas, disponível no tópico “Artigos”. Sugiro a leitura.

Antes de tudo, esclareço que o objetivo dessa reflexão e do artigo não é, em nenhuma hipótese, de desqualificar ou de reduzir a importância dos exames de imagem. Acredito que são de extrema relevância, assim como todas as outras etapas da avaliação. A anamnese e os testes clínicos, somados aos exames de imagem, fornecem as informações. Talvez a parte mais importante (e a mais complexa) de todo o processo seja a maneira como o terapeuta relaciona todas essas informações para chegar a um raciocínio clínico e, finalmente, ao tratamento. Entretanto, esse raciocínio é individual e depende de diversos fatores, desde a formação, a experiência e o conhecimento técnico de cada terapeuta.

Os exames radiológicos têm muito pouca validade se não forem relacionados com a clínica. Não se conclui um diagnóstico apenas observando as alterações que aparecem nas imagens. Como o artigo demonstra, muitas pessoas sem sintomas apresentam alterações nos exames. Portanto, é possível que pacientes sintomáticos apresentem queixas que não condizem com os achados radiológicos. Os exames de imagem são UMA das ferramentas da avaliação e não a única. Eles exibem a situação dos tecidos, mas não se pode concluir que a origem dos sintomas e dos desequilíbrios vem apenas daquela alteração tecidual, desconsiderando as informações da anamnese e da clínica.

O foco da avaliação Osteopática está na busca dos tecidos que estão alterados, quanto à mobilidade, e que promoveram o desequilíbrio. Muitas vezes são esses desequilíbrios que irão gerar sobrecarga, dor e as alterações teciduais que serão reveladas nos exames radiológicos. Frequentemente, as regiões que estão em sofrimento estão distantes do local causador da desarmonia. Esse é o motivo pelo qual os desconfortos em um segmento melhoram quando o tratamento osteopático é realizado em um local diferente da região da dor.

Um exemplo simples e ilustrativo: imagine um paciente que sofre de hérnia de disco na região lombar no nível L5-S1, nítida em um exame de ressonância nuclear magnética (RNM). Todas as vezes que fletimos o nosso tronco, deve haver uma harmonia de movimento entre a pelve e a coluna em todos os seus segmentos. Se, por algum motivo, esse paciente apresentar restrição de mobilidade na pelve, sempre que ele precisar fletir o tronco para lavar o rosto, entrar no carro, sentar-se a mesa, etc., haverá sobrecarga na coluna lombar, visto que a pelve não está “fazendo o seu trabalho”. Nesse exemplo, com o passar do tempo, há a chance de haver falha tecidual (hérnia de disco), dor e inflamação na coluna lombar, que está sendo hiper solicitada. No entanto, a herniação é o local de sofrimento e não da causa do desequilíbrio que resultou nela. O interesse da osteopatia está voltado, nesse caso, para a pelve e, mais profundamente, para tudo o que possa estar relacionado a essa pouca mobilidade pélvica. Se todos esses fatores forem identificados e tratados, o resultado será a redução do sofrimento na região lombar e consequentemente o alívio dos sintomas.