Hoje destaco esse brilhante artigo de dois amigos e professores do CBO, o Hugo Pasin Neto e o Rodolfo Amoroso Borges.
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado e duplo cego. Nesse trabalho, foram aplicadas técnicas de manipulação visceral em pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefálico (AVE) e que apresentavam constipação intestinal.
Foram incluídos no estudo pacientes entre 40 e 70 anos, com média de 66 anos, de ambos os gêneros, que sofreram AVE há mais de 1 ano antes do estudo, com hemiparesia secundária, marcha independente e com queixas de constipação intestinal crônica há mais de 6 meses, de acordo com a definição de constipação funcional descrita no Rome III Consensus. Os critérios de exclusão foram: incisão ou tumor na região abdominal, fraturas, doenças reumáticas, processos infecciosos agudos, inabilidade de compreender a proposta de intervenção e inabilidade de andar ou se manter na posição ortostática de maneira independente.
Trinta pacientes participantes foram divididos de maneira randomizada em dois grupos de quinze: grupo tratado com fisioterapia convencional + manipulação visceral e grupo tratado com fisioterapia convencional e falsa manipulação visceral.
Os pacientes foram submetidos à avaliação de baropodometria (pressão plantar) e a uma escala de classificação de sintomas intestinais, feitas por um pesquisador que não conhecia os objetivos do estudo e que não participou das intervenções. As avaliações foram realizadas em 3 momentos: antes da intervenção, imediatamente após a primeira sessão (somente a avaliação baropodômetrica) e uma semana após o término do tratamento. Foram feitas 5 sessões no período de 2 semanas.
As abordagens manipulativas viscerais, aplicadas no primeiro grupo, foram feitas nos esfíncteres digestivos e nos cólons ascendente, descendente e sigmoide. No segundo grupo, foram aplicadas falsas técnicas, consistindo de contato superficial sem pressão na região abdominal.

Resultados:
Foram apresentados resultados estatisticamente relevantes de melhora de vários sintomas intestinais e nas respostas do equilíbrio estático dos sujeitos do grupo fisioterapia convencional + manipulação visceral. Seguem as 2 tabelas de resultados encontrados em relação aos sintomas intestinais e a tabela dos resultados da baropodometria:

 “Os resultados demonstram melhora na frequência dos movimentos intestinais, na dor/desconforto abdominal, na dificuldade para defecar, na sensação de inchaço ou distensão abdominal, na dificuldade em eliminar gases, na sensação de evacuação incompleta e na dor anal durante defecação. Assim, a mobilização visceral pode ser incluída como parte do programa de reabilitação para esses pacientes.”

“Com relação às avaliações da pressão plantar, foi encontrada relação direta entre a mobilização visceral e o equilíbrio estático, o que confere mais força à hipótese de um reequilíbrio do sistema nervoso após a intervenção.”